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Caboclos

O culto aos encantados, caboclos e índios possui a raiz na pajelança, no catimbó, na jurema,
e no candomblé de caboclo. Ou seja, o culto aos caboclos não é exclusividade da Umbanda,
nem tampouco surgiu nesta religião. Mas foi acolhido e fortalecido. O que não evolui
morre! Mas evolução não é sinônimo de (destruição) cortar as raízes...

Munidos com a roupagem fluídica de índios, caciques, pajés e encantados (seres
divinizados como feras, cobras, pássaros e árvores) os caboclos e caboclas manipulam a
energia vegetal e elemental.

As origens do culto aos caboclos:

TORÉ
O Toré é uma dança que inclui também práticas religiosas secretas, às quais só os índios têm
acesso. O objetivo ritual do toré é a comunicação com os encantos ou encantados, que vivem
no reino da jurema ou juremá, referência à bebida feita com a casca da raiz da juremeira.
Quanto à dança propriamente dita, ela assume características diferentes em cada comunidade.
Eles dançam em círculos, em sentido anti-horário, fazendo e desfazendo sucessivas espirais.
O grupo dança formando quatro filas, que fazem variadas coreografias, criando movimentos
de rara beleza. O ritual, que começa por volta das 21h e vai até as 3h da manhã, é uma dança
coletiva acompanhada por cânticos e pelo som de chocalhos feitos de cabaças. O que mais
impressiona no Toré é a força com que todos pisam o chão, de forma ritmada, juntos, como se
fossem uma só pessoa.

PAJELANÇA
Durante o ritual terapêutico, o pajé reza e fuma ao mesmo tempo, baforando a fumaça do tabaco sobre o corpo do doente. Enquanto isto sustenta em uma das mãos o maracá,
cujo ruído assinala a aproximação do espírito. O pajé pode alcançar o transe fumando e hiperventilando continuamente, o que lhe provoca visões que lhe direcionam para compreender os atos estranhos que se sucedem na aldeia, ou para predizer sucessos e insucessos. A pajelança é um ato-ritual de cura, levada á cabo por vários pajés. Nestas ocasiões
eles se reúnem para fins curativos ou cuidar da realização de um feitiço que beneficie todas as comunidades participantes do evento.
A crença da pajelança é assentada na figura do encantamento, ou seja, é um culto á encantaria. Encantados são os seres invisíveis que habitam as florestas, o mundo subterrâneo e aquático, regiões conhecidas como "encantes". Os pajés servem de instrumentos para a ação dos encantados. Para tornar-se pajé, o indivíduo precisar ter um dom de nascença ou "de
agrado" (adquirido).

O CATIMBÓ
A Jurema é uma árvore que floresce no agreste e na caatinga nordestina; da casca de seu
tronco e de suas raízes se faz uma bebida mágico-sagrada que alimenta e dá força aos
encantados do “outro-mundo”. É também essa bebida que permite aos homens entrar em
contato com o mundo espiritual e os seres que lá residem. O Catimbó, envolve como padrão a
ingestão da bebida feita com partes da Jurema, o uso ritual do tabaco, o transe de possessão por seres encantados, além da crença em um mundo espiritual onde as entidades residem. Para seus adeptos, o mundo espiritual tem o nome de Juremá e é composto por reinados, cidades e aldeias. Nestes Reinos e Cidades residem os encantados: os Mestres e os
Caboclos. “Cada aldeia tem três ‘mestres’. Doze aldeias fazem um Reino com 36 ‘mestres’.
No reino há cidades, serras, florestas, rios. Quanto são os Reinos? Sete, segundo uns. Vajucá, Tigre, Candindé, Urubá, Juremal, Fundo do Mar, e Josafá. Ou cinco, ensinam outros. Vajucá, Juremal, Tanema, Urubá e Josafá”. Troncos da planta são assentados em recipientes de barro e simbolizam as cidades dos principais mestres das casas. Estes troncos, juntamente com as princesas e príncipes, com imagens de santos católicos e de espíritos afro-ameríndios, maracas e cachimbos, constituirão as Mesas de Jurema. Chama-se Mesa o altar junto ao qual são consultados os espíritos e onde são oferecidas as obrigações que a eles se deva. As princesas são vasilhas redondas de vidro ou de louça dentro das quais são preparadas a bebida sagrada e, em ocasiões especiais, onde são oferecidos alimentos ou bebidas aos encantados. Os príncipes são taças ou copos, que normalmente estão cheios com água e
eventualmente com alguma bebida do agrado da entidade.

O Xamanismo
É o tipo de magia onde se liga o seu totem animal (quase um anjo da guarda - só que animal irracional) existente no seu subconsciente ao consciente humano. O despertar deste animal é feito através de sonhos, bebidas e fumos, despertando as forças da natureza. O Xamã se utiliza deste totem para realizar feitiços e magias, e também de outros animais para os fins desejados. Seria uma transformação do espírito sob forma "humana" num outro mais inconsciente e primitivo. Temos exemplos claros destes xamãs nas lendas dos caboclos Cobra Coral, Sucuri, Jiboia, Águia Branca, Bem-te-vi...

A breve descrição acima serve de base para a raiz destes antepassados. O candomblé de caboclo não muda muito da raiz de angola (talvez Tumba Junsara) com o ritual de
assentamento de caboclo e corte sobre seu otá, com vinho, favas, ervas, um ferro com o
ponto do caboclo e imagem.

No caso de necessidade do médium possuir o seu caboclo encantado (montado), não é um assentamento, é uma canalização através de elementos que possuem seu valor ritualístico. Li um texto na internet sobre uma médium que numa planta, colocou um otá e rezava semanalmente ao seu caboclo protetor (e ela não frequenta Umbanda!).É uma boa imantação, mas a pedra fundamental é a sua fé neste espírito, e sua amizade para com ele.

                           Para fazer a imantação do Caboclo

Um alguidar, cabaça, coco ou moringa será o recipiente. Quartzo verde, terra de cachoeira, mata ou praia. 

Ferro, se a entidade pedir. Que será consagrado (junto com o otá) com vida, sangue
vegetal, animal e mineral. 

Os encantamentos:
Espada de São Jorge
Samambaia
Cana-de-açúcar
Folha de fumo
Folhas de milho
Crista de galo
Água de coco
Caldo de cana
Água de chuva
Água de cachoeira
Água de praia
Vinho branco
Observação: Podem ser estes elementos, mas não é receita de bolo.

Cada caboclo possui uma raiz. Existem caboclos da mata, do mar, da cachoeira, e outros.
Isso se deve ao pilar que a entidade vem. São as sete aldeias, sete linhas, sete astros.

Justamente estas aldeias são o fator que diferencia alguns caboclos em suas
particularidades.  

QUANDO ME REFERIR AOS ASTROS, É EM RELAÇÃO AOS DIAS DA SEMANA, QUE REPRESENTAM AS SETE LINHAS DE UMBANDA.

Não estou em momento algum afirmando que o seu Rompe Mato veio de Marte! 

Exemplificando:

 Caboclos do sol ou da linha de Oxalá preferem frutas brancas, girassóis, alecrim,
louro, mel e vinho branco ou água de coco. Alguns nomes comuns são Caboclo da
guia, Urubatão, Guaracy, Girassol, Guarany, Aymoré, Pena branca, Tupi, Caboclo do
sol.

 Caboclos da lua, caboclas d’água ou caboclos d’água preferem água mineral ou
água de coco, lírios, jasmim e frutas com bastante líquido (melão, melancia e uvas)
e peixes. Apresentam-se como Janaína, Indayá, Estrela do mar, Cabocla do mar,
Jurema, Jaguar, Caboclo da lua.
Caboclos de marte ou caboclos guerreiros preferem vinho tinto, cerveja de
milho, meladinha ou caldo de cana, grãos e feijões, espadas de São Jorge, manga
espada e uvas. Suas falanges comuns são Rompe-mato, Ubirajara, Beira mar, Sete
encruzilhadas, Gira mundo, Sete ondas, Tira teima, Pena Vermelha.
Caboclos de mercúrio ou caboclos da pedreira gostam de cerveja preta, vinho tinto,
uvas vermelhas, narcisos, anis estrelado. Normalmente se apresentam como Serra
negra, sete pedreiras, Sete montanhas, Arrebenta rochedo, Ubiratan, Pedra preta,
Pedra branca, Ventania.
Caboclos de Júpiter preferem vinho tinto, noz moscada, romãs, e frutas diversas.
Apresentam-se como Cobra coral, Flecheiro, Sete flechas, Caçador, Mata virgem,
Tupinambá, Araribóia, Jurema da mata, Folha verde, , Sucuri, Jibóia Tamandaré,
Caboclo do mato.

 Os caboclos de Vênus, caboclos dos rios e caboclas dos rios gostam de água
mineral, rosas, maçãs, melões amarelos, e uvas. Podem se identificar como Yara,
Jupira, Sete riachos, Sete cachoeiras, Sete lagoas, Mirim, Pena dourada, Orissol,
Jacira, Bartira, Flecha dourada, Jureminha, Sete estrelas, Águas claras, Oriri.
Os caboclos de Saturno preferem arruda, eucalipto e vinho tinto. Normalmente
apresentam-se como Bugre, Arruda, Arranca toco, Jaguaré, Guiné, Pena roxa.

O principal é um porrão com um otá, água fresca e o aluá de milho, bastante jurema, mel,
guiné, fava divina, orobô ralado, e vinho.

O aluá é a bebida preferida de qualquer caboclo. E pode ser preparada com milho em água,
aferventando por três dias com cascas de frutas (abacaxi, limão) e gengibre.

A fava principal é a semente de abacate. A erva base deste culto é a Jurema.

O colar normalmente usado é o verde, vermelho e branco. Mas pode ser da cor de
preferência do caboclo ou da linha na qual ele trabalha. Aos que interessarem podem
também confeccionar colares com dentes, sementes, olho de boi, favas e pedras.

São elementos comuns no culto ancestral aos espíritos da mata. Eles não são para os
espíritos. São, pois, para os elementais ligados à estes espíritos e para a egrégora formada
no nosso inconsciente coletivo e natureza. Somos livres para fazer o nosso culto próprio.
Mas aos mais interessados em experimentar a raiz dos caboclos com certeza abrirá novas
perspectivas em longo prazo.

Okê caboclo! Okê é de caboclo ê! 

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